No escuro transformo-me na minha própria sombra, incógnito e invisível. Encontro um estado que me é confortável, em que me posso expor, sem que ninguém saiba que eu existo. Depois desdobro o olhar sobre quem vai passando por mim, sem reparar em mim. Observo sem querer alterar o mundo, sem poder, sem resolução, nu.
Todos os dias invento uma sintaxe nova, fugo sempre para um mundo novo. Não falo, não comunico, não me deixo estar. Os desejos não são importantes, variáveis que morrem e nascem com os dias, aleatórios, fúteis, inseguro.
Ao fechar os olhos, descubro o meu próprio universo. Sem palavras, porque as memórias vivem das emoções, das imagens, das suas cores, melodias. Os nossos lugares são sempre perfeitos, são sempre nossos. Esferas que desenham outras esferas, que demolem arestas, que nos fazem voltar a abrir os olhos.
O sol olha de frente para mim, abraça-me com a sua luz, e tudo o que posso fazer é absorver a sua energia...
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