No passado, hoje seria um daqueles dias que sentiria que a vida se recusa a sorrir para mim...Acordei da forma mais violenta para o meu coração, o sol recusa-se a aperecer e a chuva tomou o seu lugar...
Mas não, hoje é daqueles dias que me sinto mais vivo, não porque o futuro se compôe próspero e cheio de alegrias, ou porque ontem tive o jantar mais romântico da minha vida. Estou vivo, porque sou pleno com a minha solitude.
Quem disse que para viver a vida ao máximo temos que morrer uma vez enganou-se. Para
vivermos, temos que morrer sim, mas uma vez só não chega. Para estarmos presentes aqui neste universo, temos que perder referência de tudo os que nos rodeia, da pessoa que amamos, dos nossos filhos, de todas a falsas seguraças que o nosso pensamento gera para que nos sintamos adaptados a uma sociedade que nos é exterior.
É perigoso racionalizar o nosso presente no futuro, o futuro é algo que não existe, não é, não foi e constantemente deixa de ser. Como alguém muito inteligente disse:
"O pensamento é o resultado do ontem que passa pelo hoje em direcção ao amanhã.(..)Afinal de contas, a maioria de nós é terrivelmente solitária. Você pode ter uma ocupação interessante, pode ter uma familia e muito dinheiro, pode ter o amplo conhecimento de uma mente cultivada; mas se você colocar isto de lado quando estiver só consigo mesmo, conhecerá esta extraordinária sensação de solidão.(...)E dessa negação , desse vazio total, surge a criação."
Se nos chamamos de seres inteligentes, então porque é que ainda deixamos que todas as preocupações do futuro nos controlem? O nosso pensamento é um desperdicio se for imperativo porque não está moldado à nossa existência...Na mente e no inconsciente, aí reside o verdadeiro ser...
Hoje o sol não deu um ar da sua graça e o céu chorou o seu fado....
Hoje tudo mudou e volto para a minha casa apenas por 1 dia com uma mochila cheia de comida e roupa suja...
Hoje sei que tudo o resto não importa...
Hoje sinto como é sublime a fluidez com que as gotas da chuva se unem às massas terrestres.
Hoje vejo que esse movimento que por si não significa nada, mas que me faz amar toda a existência...
2 comments:
Encontrar sentido para a vida é o exercício mais extenuante e mais inútil que o ser humano pode desempenhar.
Posso dizê-lo sem qualquer dúvida, uma vez que eu próprio já me dediquei intensamente a esse exercício.
Exercício que reconheço ter trazido serenidade à minha vida. Serenidade e muito tempo perdido.
Mas há neste exercício um facto que é inegável. Essa busca do sentido da vida eleva-nos a um pico inimaginável depois de nos ter arrastado pela lama mais negra.
Para depois nos atirar novamente à lama. Mais negra e mais espessa do que aquela que haviámos experimentado outrora. E que torna ainda mais árdua a perseguição do nosso graal. Mas mais saborosa quando finalmente o encontramos.
Ps: Ainda não encontrei sentido para a minha vida. Ás vezes acho que sim, para de novo achar que não.
Encontrei muitos motivos, muitas razões que possam argumentar uma continuidade sólida e feliz, mas...
Isso mesmo, um mundo pleno de reticências.
A minha vida tem sentido. Eu só não sei qual é.
Há pouca gente que pode compreender o teu problema.
Há muita gente que acha que pode comprender o teu problema.
Há ainda mais gente que acha que sabe qual é o teu problema.
Mas não há ninguém que te pode dar aquilo que tu queres.
o que tu queres sei eu.
[desculpa mas não consegui evitar.:))) agora a sério outra vez]
Aquilo que tu queres ver respondido ou realizado só vais conseguir encontrar dentro de ti. É claro que vais precisar de ajuda externa, sob diversas formas. Um conselho, um abraço, algo que te gerou uma ideia, um pensamento, um livro, um filme, um sol a bater-te na cara...
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