Quem leu a reportagem sobre a "geração do Hip-Hop" na Pública deste domingo, e ao mesmo tempo percebe realmente de hiphop facilmente interpreta as barbaridades escritas na reportagem. Querem falar de Hip-Hop e metem o 50 cent no centro do palco...É ridiculo e um insulto ao movimento Hip-Hop. O mesmo acontece com "rappers" como o nelly ou os black eyed peas (nopes, recuso-me a usar letras maiusculas para essa merda...). De facto não é a cultura HpHp que está na moda, mas sim os produtos que advêm da total comercialização, é puro marketing.
Podiamos dizer que tudo começou com o Eminem, mas não, a imposição do Rap nos mainstreams comerciais inicou-se mais cedo. Nos Estados Unidos começou com o albúm de Snoop que apresentou o G-funk ao US, com uma groove única e altamente fluida... Depois artistas como LL Cool J, numa corrente mais romantica e soft do Rap, e Tupac e Biggie, com uma critica profunda à sociedade americana no geral, mas também à comunidade negra, saltaram para o "spotlight". Digo que foi aí que a cultura HpHp se começou a afirmar, porque na primeira metade da década de 90 viu-se a criação de movimentos Anti-Rap, querendo mandar de novo este estilo para o "underground", culpando os artistas de patrocinarem a violência e a marginalidade. O poder do HpHp foi tal que misteriosamente os maiores MC´s de sempre foram assassinados sem encontrados os responsáveis. Foi tudo culpa da guerra Westside-Eastside...
Para depois a MTV juntar as mães de Tupac e de Biggie para apelarem ao fim da violência nas ruas americanas. Realmente a história da sociedade americana é rica em incidentes "convenientes". Que sorte, acho que pedir nacionalidade americana...
Não me venham dizer que o HpHp agora está no seu auge, nunca...o auge do HpHp aconteceu na segunda metade da década de 90, com Tupac e Bigge a lançarem os seus melhores albuns já nas suas campas. Mas também com Nas, com "Illmatic" primeiro e depois "It was written", e Jay-z com o seu intemporável "Reasonnable Doubt". Estes anos representaram o auge criativo do Rap, com o inicio das fusões com o Hardcore, os grandes Remix de JD e Puff Daddy...e o declínio de Dr. Dre, com este a pensar "Nunca devia ter deixado a Deathrow...".
Os 50 cent´s e as "ervinhas com olhos pretos" são coisas, não são HpHp. Navegam em marés seguras e formuladas, de forma a extrairem a apenas a epiderme do Rap. Não meto em causa a qualidade das suas produções, mas quem é que quer uma Mulher linda sem qualquer tipo de inteligência? ...Pois, aí está o problema...
Se querem ouvir os melhores albuns do ano de HpHp, comprem o ultimo de Common ou Kanye West. São profundos, com produções "topnotch" e transcendem os conceitos do HpHp. Porque na verdade a cultura HpHp e o Rap são instrumentos que devem despertar a nossa mente e pôr em causa os quadros sociais que nos são impostos.
Mas o Rap é fundamentalmente feito de bandas e artistas menos conhecidos que elevam os indices de qualidade para novos patamares, como os "Tribe Called Quest", os "De la Soul", o Guru, os "Lost Boyz", e muitos outros...mas por favor não deixem mais estrelas da NBA gravar cd´s de Rap. Ok Iverson? Fica-te pelos crossovers com a bola de basquet...
Por aqui vai rulando o cd de Q-Tip "Amplified"... Afinal os Neptunes não inventaram nada...
Estou a ficar em NY state of mind...wonder why?
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