Tuesday, August 30, 2005

One Minute Man

Ontem numa conversa com uns amigos cheguei à conclusão que existem coisas para o qual nunca sabemos o nome. É engraçado porque são palavras perdidas que podem significar qualquer coisa. Podemos criar insultos, "Vai para a cornija!!!!", ou "Levas um murro na Alcaparra!!!". Milhares de palavras tão pouco conhecidas pelas pessoas nas quais podemos divagar, inventar conceitos, mimos e piadas... Pela fonética, pela semântica, por tudo e por nada. A língua é algo que precisamos para comunicar, mas quero descomunicar!!!

Falar sem sentido, criar um universo fora da lógica e numa realidade sem construção. Submergir num espirito novo, em que todos os sons não são falados em preconceito!!!! Fugir daqui, da gravidade, da física, da gramática, voar até á lua e cair em Marte!!! Tomar banho no Sol e deixar o cérebro encostado à Estátua da Liberdade!!!! Construir nada em parte alguma, caminhar sobre o sangue das orquídeas e comer lascas de madeira... Fazer amor com um pacote de pastilhas, e deixar que o telemovel seja a nossa máquina de lavar!!!!!

Bem...tenho que voltar ao trabalho...

Monday, August 29, 2005

"Wonder Wall" - Cover de Ray Adams

Este últimos dias têm sido uma montanha russa, ou um electrocardiograma, a analogia que preferirem... Dias intensos, situações inesperadas, golpes de azar e algumas lágrimas à mistura. Vivi as duas semanas mais peculiares dos últimos tempos, o que por si só improvável tendo em conta os passados meses da minha vida.

Estou confuso, é verdade, e parte de mim está dividida, mas mesmo sem saber o rumo da minha vida, quero estar aqui, viver no agora e saborear todos os seus segundos, não, todos os meus segundos. Apesar de não puder dizer que eu sou a minha existência, visto ser o espelho de quem me toca. O que posso afirmar é que eu vivo agora.

Oiço o agradável dedinhar na guitarra da música que chega à minha alma, canto a sua letra como se tratasse do meu karma, fecho os olhos porque ela me faz sentir bem.
Sinto que vivo um momento agradável, passaram-se minutos...

Pergunto-me se vale a pena carregar no "rewind"....

Friday, August 19, 2005

A paixão dos 3 dias

O dia de hoje não devia ser cinzento no meu coração. Mas ao chegar ao trabalho recebi a noticia que a cachorrinha que todos os cuidados e mimos recebeu para sobreviver, ontem à noite partiu...Choro é verdade, a morte não deixa de ser menos dolorosa por ser um animal. Mas dentro de mim guardo a memória de um ser que mesmo frágil e débil se mantinha vivo, e conseguia ainda revelar um brilho nos seus olhos. Sinto que para a morte daqueles que nos tocam ter algum significado temos que nos agarrar à vida com todas as nossas energias.

Hoje é um dia cinzento, um dia de meditação, mais um dia das nossas vidas.
Hoje não sei se vou conseguir sorrir...Hoje nem sei o que é rir...
Hoje precisava de um abraço, talvez também de uma carícia...
Hoje sinto a tua falta...
Pensar... Hoje não... Sinto apenas...

Thursday, August 18, 2005

"Uaranco"

O tempo corre e nós nem damos por ele... Esta jóia que em tempos era um pretexto para namorar e sonhar, agora é um ser bem real. Ainda pequenina com 3 anos, corre à volta da mesa da sala de jantar à procura de como puxar uma das cadeiras para que possa olhar para a rua. Assim que consegue engenhosamente fazer uma das cadeiras deslizar sobre o tapete que foi roubar à maquina de lavar, lança os seus olhos pela janela e fixa-se no primo, já com 7 aninhos. Acelerado e ansioso procura entrar no prédio para experimentar o jogo novo, que a mãe quase obrigada lhe comprou, de forma a ele puder desbundar do HDTV-LCD do tio com 120 centímetros de diagonal.
A pequenina, já fora da cadeira e zarpando até ao escritório, puxa agora as saias da mãe, que felizmente hoje teve folga por ter feito no dia anterior um banco de 24 horas, para que vá abrir a porta ao primo e à tia. A mãe sorrindo e fechando os olhos revelando uma expressão meiga, poisa-lhe a mão nos cabelos encaracolados e gentilmente passa os dedos por uns dos tótos como que dizendo "calma melguinha...". Toda derretida a bébé acalma, levantando o pescoço e fixando os olhos de caramelo da mãe diz num português completamente enrolado:

" - Mama, gosto muito dete vetido uaranja...mas o branco é nito também...."

Tuesday, August 16, 2005

Dança do ventre

Ela move-se num espaço seu, desvenda movimentos suaves que fazem a luz vibrar, respira intensamente como se cada fôlego fosse o último. Em cada som ela faz-se feliz, por cada batida ela segue o seu sentimento. A música expõe-se em todo o seu corpo, como se toda ela e ela mesma fizessem amor. É um acto puro e sem intenções, uma acção que vale e não procura nada...

Quem olha deseja estar ali com ela, quem a conhece sabe o que é estar ali com ela...O desejo torna-se insuportável. Todo o meu corpo procura encontrar o teu movimento, sentir o teu respirar no meu pescoço, agarrar as tuas ancas e fugir nas suas espirais. Cedo ao sonho...ele que tão me faz ansioso...mas é ela, a realidade...que em tudo me faz sentir vivo...

Eu danço também, sim, adoro dançar. Fico perdido sem medos, fecho os olhos porque sei que a música estará lá para mim...E tudo o que interessa é dançar... Chegar ao fim da noite cansado de tanto vibrar, cair na cama e sonhar...mas é o acordar que me torna intenso, porque apartir dele eu sei o que é real, e que mais uma vez levará o teu sorriso ao encontro dos meus olhos.

Monday, August 15, 2005

U-Turn Parte 2, 3, 4, 5, ...

Sinceramente, não esperava que existisse tanta gente a ler este blog, considerava este o meu cantinho do universo onde, esporádicamente, alguém passava os olhos pelos meus textos. A razão pela qual deixei de escrever continua a ser verdadeira, mas alguém muito especial para mim fez-me ver as coisas de outra forma. Porque não agora partilhar esta realidade que me é exterior e bela em oposição aos escritos anteriores, que se mostravam egocêntricos, mancos e despromovidos de qualquer vontade de viver.

Não quero ser presunçoso e pensar que estou a fazer um favor ao mundo ao escrever aqui. Não sou o Dali Lama, nem nenhum ser superior. Não quero criar dogmas, nem ditados.
Sim, este vai continuar a ser o meu cantinho, mas não um escape. Vou partilhar e revelar as partes que me fazem respirar fundo e sentir feliz...

Além disso, sabe sempre bem escrever qualquer coisinha nas horas mortas do trabalho...

Tuesday, August 02, 2005

U-turn

Depois do post de ontem, da descrição do que este espaço significava para mim, hoje, e depois do que aconteceu ao fim da tarde, perdi a necessidade de deixar o meu pensamento fluir durante breves momentos...
Nunca pensei que fosse possivel, não tão cedo de ter despertado, não, nunca pensei ser possivel...Não vou escrever sobre o sucedido porque não consigo e porque não encontro razão para o fazer, nada posso materializar que possa dar a mais pequena porção daqueles momentos...

Provavelmente nunca mais irei escrever neste blog, não quero torná-lo num diário, nunca foi essa a minha intenção - deixo a minha vida para aqueles que tão docemente me aceitam no seu unverso - e aliás, ele foi formado sem qualquer tipo objectivo. Talvez um dia volte a lê-lo, como recordação, ou para me fazer lembrar que "não há homem que seja mais diferente de outro do que de si próprio nos diversos tempos".

Monday, August 01, 2005

Virtualmente comparando

A minha frequência de post´s está a aumentar. Assumo que este espaço impessoal e distante de certa forma conforta-me, e cria o afastamento que às vezes preciso de tudo o que se passa dentro de mim agora...Encontro-me numa nova realidade e por vezes surgem tantas novas coisas que preciso de me reconher.Não procuro fugir a nada, sei que isso é impossivel e que mais cedo ou mais tarde teria que lidar comigo mesmo. Escrever aqui não me trás alegria, não cresce nenhum amor dentro de mim e não desperta qualquer emoção em mim. Talvez seja mesmo por isso que alguns minutos por dia me dedico a este espaço. Enquanto escrevo a minha mente fica cheia de pensamentos vazios, ou vice-versa, dependendo do ponto de vista...

Voltando à minha pessoa, lembro-me de à 6 anos atrás ter prometido a mim mesmo nunca voltar a passar por aquela dor, aquela angústia cortante que me fazia por vezes perder os sentidos. De facto, aquela dor nunca voltou, o que sinto agora não tem nada de comparável com aqueles momentos. Nao é uma multiplicação dessa emoção, nem uma evolução exponencial - Rosa, compreendo agora quando me dizes que não existem emoções negativas, são todas fontes do mesmo algo, e esse algo é puro e imparcial. O seu nome não sei, talvez amor, mas sinceramente não consigo dar uma palavra a algo que não alcanço totalmente - A aquela dor no passado de facto podia ter me despertado, mas não, reagi fugindo para um mundo de alcool, drogas e prazeres imediatos...

No entanto passados 72 meses cresceu dentro de mim algo. Uma emoção tão intensa que para respirar preciso de todas as minhas lágrimas. Não consigo descrever toda a energia que flui pelo meu corpo, só estando cá, só sentindo... É como disse uma nova realidade, aonde tudo percorre exterior a mim. É isto o fundamental, saber que não sou, sentir que apenas estou... É por isso que digo que não ter referências interiores, nem viver fechado e centrado em mim é novo para a minha pessoa, e por vezes a minha mente foge ainda para este passado. Mas sei agora o que posso ganhar com os meus olhos bem abertos e livremente perco o receio...

Medo não posso ter, não quero que a minha alma volte a colapsar...